quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Férias nas Biomédicas, Regresso ao Recreio da Minha Escola - Jogos e Cantigas da Nossa Infância - V

Um Jogo - a "Meia-hora".

Este era um jogo que na minha escolinha reunia uma legião de adeptos entusiastas, na sua maioria do sexo masculino, até o dia em que foi proibido pelo conselho directivo da escola. A partir dessa data continuou a ser jogado, mas clandestinamente.
Trata-se de um jogo com o intuito de magoar/ser magoado gratuitamente os/pelos colegas e que normalmente era jogado em associação com o famoso jogo do "balamento" por alturas da páscoa, o que rendia, aos vencedores, um saco de doces amêndoas...

Terreno:
Normalmente era o pátio da escola, mas por acordo entre os jogadores podiam defenir-se outros terrenos.

Objectivo:
Apanhar o adversário desprevenido e desferir-lhe um enérgico murro na região dorsal, de preferência no músculo deltoide. Caso se dê o infortúnio de acertarmos num osso do adversário, pode ser traumático para qualquer um dos jogadores, razão pela qual o jogo foi proibido pelas entidades competentes da escola.

Regras:
Jogava-se entre dois jogadores, embora cada jogador possa estar simultaneamente a jogar o número de jogos que desejasse(com outros colegas, entenda-se).
Este era um jogo de carácter contínuo, ou seja, acordava-se a altura do início do jogo e este prolongava-se por vários dias ou até meses até que os jogadores se fartassem ou estivessem maltratados das costas.
O referido murro só poderia ser desferido com a frequência de um por cada meia hora.
Caso os jogadores simulassem que ostentavam um monóculo, levando mimicamente a mão ao olho, o adversário ficaria impossibilitado de dar o soco durante meia hora.
O jogador devia gritar "meia hora" ao mesmo tempo que executava o soco. A partir daí só podia dar novo murro passados 30 minutos.

Nota:Dentro da sala de aula não era obrigatório gritar "meia hora"

Noções Práticas e Movimentos de Especial Beleza Técnica:
A tactica deste jogo era aproximar-se do adversário pela retaguarda equanto este estivesse desprevenido, para que não tenha a posibilidade de fazer o movimento do monóculo e inviabilizar o lance.
As alturas mais indicadas eram enquanto o adversário trocava alegremente uns dedinhos de prosa com os seus amigos. amigos estes que não poderiam avisar da chegada do adversário pela retaguarda, sob pena de perda de estatuto de pessoa honrável.
O movimento do "murro em suspensão" só era bem conseguido pelos jogadores mais experientes e consistia em saltar bem alto e aproveitar a força da gravidade na descida para murrar.
Mais raro ainda era chegar pela frente e falar com o adversário, que distraído, entretanto se esquecera do jogo. e desferir-lhe o soco inesperadamente. Infelizmente era mesmo muito raro.

Uma canção:
Sérgio Pereira
subiu à bananeira
Comeu uma banana podre
morreu de caganeira

1 comentário:

Anónimo disse...

Excellent, love it! » » »