sábado, 19 de setembro de 2020

Fim de Quarentena nas Escolas, Regresso ao Recreio da Minha - Jogos e Cantigas da Minha Infância Adaptados a Tempos de Pandemia

Vem este a propósito de na sala de aula apenas a Menina M e o Menino F não terem usado máscara. Porque o Sr D tinha sublinhado que todos os meninos deviam usar máscara, e a Professora M respondeu que não era o que estava nas indicações e não seria obrigatório. E o Sr D disse que o filho dele usaria, e o Pai de um Menino que não o Menino F disse que o seu também. E depois o Sr D disse mais coisas, e a Sra E, mãe da Menina L, disse que sendo assim, era melhor que o Menino P, filho do Sr D ficasse em casa. O Sr D fez um sorriso de superioridade, mas não respondeu, e a Professora M pediu à Sra E para ter mais calma e conseguiu controlar a turma na sala de aula. Quer dizer, os pais dos meninos da sua turma, nos seus computadores. Depois o Sr C, pai da Menina M contou à Menina M pormenores da reunião, mas disse à Menina M para não fazer comentários na escola sobre o Sr D, para o Menino P, filho do Sr D não ficar triste. E dias mais tarde, a Menina M começou a rir-se sozinha e disse que estava a pensar se o Menino P, filho do Sr D iria para a escola com o fato de astronauta. O Sr C, pai da Menina M ficou muito orgulhoso, mas pediu-lhe para não repetir a piada do fato de astronauta dias mais tarde na escola. Dias mais tarde, na escola, a Menina M não repetiu a piada do fato de astronauta, porque mal tinha atravessado o portão da escola e juntado à Menina Mf, chegou o Menino P, filho do Sr D, envergando apenas a máscara facial. Então, a Menina Mf suspirou, e com malícia e fingida desilusão disse que tinha pensado que o Menino P iria vestido com o fato de astronauta. Depois na sala de aula todos os meninos, menos a Menina M e o Menino F, estavam a usar máscara. Até a Menina L, filha da Sra E, e a Menina Mf, cujos paizinhos lá em casa também tinham gozado com os cuidados do Sr D. 

Contextualizado o propósito, passe-se ao que interessa:


Um jogo 

- Ah!, M, há outra coisa que quero saber. Quero que estejas muito atenta no recreio e me contes logo que haja a primeira sessão de ...

... Pancadaria!

- Ah! Já foi hoje! No intervalo, os rapazes do 4º B andaram a lutar contra os rapazes do 4º A.  Não sei se foi a sério ou a brincar, começou só entre os rapazes da minha sala. Lembras-te do Menino M? Não é o Menino da minha sala, o Menino M que andou comigo no infantário? O Menino M ficou por baixo. O Menino L, sempre que lhe tentavam passar uma rasteira, agarrava-os pela camisa, junto ao colarinho, ou por trás, junto ao pescoço, deitava-os no chão, e começava a dar-lhes pontapés.

Com excepção da utilização da máscara por todos os contendores, o jogo permanecerá muito fiel à versão de há trinta e tal anos. Até a dificuldade da Menina M em definir a fronteira entre "a sério" e a "brincar"! Recordo Manuel Pedro a lutar com Alberto. Recordo Manuel Pedro a lutar com Emanuel. A brincar. "Boi", "Paneleiro", "Cabrão". De repente, recordo Manuel Pedro a lutar com Alberto. De repente, recordo Manuel Pedro a lutar com Emanuel. A sério. Na altura, a fronteira, era "Filho da Puta". Era o catalisador. E o jogo mudava. Manuel Pedro não admitia que ninguém desonrasse dessa forma sua mãe, explicava no fim, muito vermelho. E as lágrimas eram dos nervos.


Uma cantiga

- Como estava a chover, os rapazes saiam debaixo do coberto e foram para a chuva cantar

"E a chuva p'a nós é sol! E a chuva p´a nós é sol!" * 

Letra que bate em poesia e responsabilidade pandémica a versão não musicada dos anos 80, 

"Eu quero apanhar uma pneumonia!"

ou o superêxito Primavera 1986,

"Nós queremos apanhar radioactividade!"


*NA - ver, pf, final da Taça de Portugal 2016/2017