domingo, 5 de junho de 2005

Que horas são?

São 5 da manhã, vou-me deitar. Já podíamos ter subido há uma hora. Eu bem achava que não é possível ressuscitar mortos. Mas eles resolveram tentar, o coraçãozinho da velha voltou a bater, e agora o Fernando ficou lá em baixo à espera que pare de vez. Antes espreito o frigorífico. Ainda há caixas de ceias. Ninguém as quer comer. Alguns tiram as peças que lhes agradam. Deixa-me ver o que ainda sobra. Eu não me importo de comer os restos. Surpresa! Puseram duas bananas (ainda presas como sairam da árvore), numa caixa. Isto nunca acontece. Geralmente a ceia é composta por uma peça de fruta, um bolo, um pão e uma bebida de pacote.
Hoje há muitas bananas. Abro as caixas todas, e decido fazer numa, a Ceia mais Fantástica de Sempre. Consigo juntar 5 (cinco!) bananas e 1(um) iogurte líquido de, adivinhem, de banana, numa só caixa.
Vou para a cama a pensar que se começar a comer uma ceia daquelas em todas as noites de urgência, ao fim de 6 meses posso conseguir uma transferência para clínica geral na Aldeia dos Macacos.
Conjecturo. Fico com consultório num quarto do Hotel da Barafunda. FAço as refeições no Casal do Mono, e emborracho-me o resto dia na Adega do Xico, a jogar cartas com o Xico e mais dois macacos que saibam jogar cartas.
Continuo a conjecturar. O Xico e um dos macacos que sabem jogar cartas morrem ao fim de poucos anos por causa do vinho, e a seguir vou eu. Apesar de ser bom médico, os outros macacos não me ligam puto. Ao meu funeral só vai o outro macaco que sabia jogar cartas, e a quem agora os outro macacos chamam bêbado, o Tratador que limpa a caca da Aldeia dos Macacos, e uma tia que já não se lembrava de mim mas viu o anúncio no jornal. Vantagens de quem lê sempre a Necrologia. Vantagens de se ser sistemático.
Adormeço, porque às 9 tenho de pegar outra vez, se o BIP não tocar antes.