quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Era Assim

Saía de casa bem antes da meia-noite. Já éramos menos do que foramos, e as trocas de prendas faziam-se antes da hora convencionada.
Saía. A pé ou de carro. Amial, Arca d'Água, Antero de Quental abaixo.
A Igreja da Lapa iluminada para a Missa do Galo, no reencontro anual dos homens com Deus. Espectáculo único na Noite de Paz Portuense. E, à entrada e à saída, reencontro dos homens com os homens, anualmente irmãos.
Mais para baixo, voltavam a escuridão e as ruas desertas.

Desertas como nunca. As vielas. Sem ninguém. As portadas. Sem ninguém. Trindade, Aliados, Clérigos, Leões, Carregal. Então como agora. Ninguém. Agora como daqui a pouco. Ninguém. Desertas porque não falta ninguém. Esta noite é assim. Não é um momento hífen de uma qualquer noite de vai-vem.
Uma noite fria em que ninguém procura aquecer-se.
Noite fria para passar sem companhia.

Um Feliz Natal.

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