segunda-feira, 31 de março de 2008

No fim de um mês quase sem pecar, Viagem a um Sarau do Passado, (com Inveja de então não ter estado lá) - Ensaio Sobre a Inveja - O que diria Freud?



E quando o pano baixava, mais cedo do que o previsto, o fundo lá fundo da sala acendia-se, mas não era a luz, não era intervalo, antes a celebração do momento mais negro, fizesse-se um minuto de escuridão, de silêncio não.
E quando o pano baixava, à altura dos nossos olhos, quando tapando-os, já nos podiam fitar, o fundo lá fundo da sala acendia-se, era um homem coberto de fogo, que silvava.
E quando o pano baixava, mas continuávamos a tocar, já só se ouvia “corja” e “degredo” e “vergonha” e “Bebêdos”, e continuava “corja” e “degredo” e “vergonha” e “Bebêdos”, mas só se ouvia o que continuávamos a tocar.
E quando o pano baixava, à altura das nossas solas, que quiséramos a sapatear, mas sOLÁ COPAR, então nós parávamos, que a luz que passava, sob o veludo rosado, não era das chamas, era das donzelas, a palpitar.
E o homem coberto de fogo já não silvava, mas não se apagara. Nunca tinha estado lá.

"L'Invidia", Giotto, Cappella degli Scrovegni - Padova

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