sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Do Fim da Noite de Tokyo


Sou desperto de um sonho, por um tremor de terra.

Por muitos barcos vim ate aqui,
a esta terra onde Sol primeiro se consome,
antes de atravessar todos os ceus do Mundo.

Neste outro mundo flutuante, onde as margens do dia cedo se apagam,
tudo sao cores no olhar, estranhos perfumes e suaves sabores nos sentidos.
Onde todos os sons dancam em redor de fogos de artificio,
e giram e estoiram no ar e brilham como mil sois!


Fecho os olhos.
E de repente sao so as estrelas e um grande rio de pedras, e o mar...

E e tudo escuro, menos os teus olhos.
Como dois grandes farois na distancia.
Atraves dos mares, montanhas, rios, cidades, selvas e desertos.
Como uma luz antiga, tremula e quase perdida,
a indicar-me o caminho...

De volta.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Vou Já Cagalhão! - Mais provas da Existência do Japão

"Antes no Japão, é depois em Portugal!"

"Ou seja, Lá, é primeiro que Cá."

"E se fizermos uma coisa mais cedo, mais tarde é ao mesmo tempo."

"Ou então é por sermos todos da Vinicultuna."

"E tudo isto está provado, porque o post que vem antes, e o que vem a seguir, são ao contrário."

"Pchhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!"

Os Nossos Outros Valores - XXXVI

"Perante semelhantes provas, a Vinicultuna afirma que apenas por má fé, pode alguém duvidar por um segundo que seja, da existência do Japão. O Japão existe, Sim Senhor."

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Procura-se

"O coração das ceroulas
É difícil de entender,
Alegre quando tem fome,
Triste depois de comer."

in, "Folclore Pornográfico da Figueira da Foz", de 1914, atribuído a Cardoso Martha e Augusto Pinto

Reeditado Recentemente, estará disponível exclusivamente numa Livraria daquela Terra de Sereias, onde um dia não chegámos.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Newsflash

A agência Biobacas aparece com uma notícia escandalosa:



domingo, 26 de agosto de 2007

A Nossa Mesa

"Junta-te, Irmão,
Puxa uma cadeira.
Escuta a oração,
Partilha a Nossa ceia."


Bem-Posta é a Nossa Mesa,
Lã negra e rasgões nas beiras,
Mal-cantada a nossa reza.
Temos Vinho, temos Pão
Mas não tábuas ou madeira
Estendam-se as capas no chão!

Bem-Posto é o Nosso Chão,
Sem talheres, sem cadeiras.
Suja o Vinho, seca o Pão
E lava o rio ou a chuva.
E se acaso não há dinheiro
A Mesa é Chão que dá uvas!

Grandes Revelações



"A Vinicultuna é a mão na Saia de Mona Lisa"

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Os Nossos Outros Valores XXXV

Instrumento de Tuna e todo o objecto capaz de produzir ruido, para o deleite de quem seja, e que possa ser transportado as costas em caso de fuga apressada.

Quando Vinicultuna se fartar desta vida tem planos para abrir um piano-circo, e uma Tabacaria voadora.

A Vinicultuna gosta de passear a chuva.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Os Nossos Outros Valores - XXXIV

"A fortuna acumulada da Vinicultuna conta-se por algumas notas escondidas no forro dos colchões velhos onde calhou dormirmos."

"Até prova em contrário, a Vinicultuna não acredita na existência do Japão."

Grandes Frases - LXVII

"Ó-i-ó-ai Quando se emborracha o Pobre
Ó-i-ó-ai Dizem, oooolh'ó Borrachão!
Ó-i-ó-ai Quando se emborracha o rico,
Quando se emborracha o rico, acham graça ao figurão!"

Quadra Popular, figurante em "Quatro Quadras Soltas", de Sérgio Godinho

Do Silêncio de Abelardo

Abelardo chegava, sentava e calava.

Discreto, no canto menos espelhado do Piolho, Abelardo, o Cavalo que Cala, pedia o café, e, depois de o tomar, ainda quente, de um golo, ficava, cascos dianteiros cruzados em cima da mesa, fixava os mesmos cascos, sem os ver, e calava.
Calava dores, pois claro. Não as suas, não donzelas – Senhoras Éguas, ou Senhoras-Senhoras, pois que em tempos com algumas delas sonhara – mas as dores de todos os Cavalos da Equinidade.
Dores de casco muitas, esporas gravadas outras tantas, Dores de flechas crivando flancos, de lâminas decepando patas, lanças trespassando pescoços, em nome do realismo da Batalhas; Calava a sede, a fome, em esqueletos cobertos de pele, assim colocados para dar nome à Seca, ao Deserto; e as cornadas fatais em dias de infelicidade.Calava cacetadas, varadas nas costelas de Rocinante; a morte do último Unicórnio, e o triste fim nunca esclarecido daquele cavalo -seria um burro?a dor era a mesma – com cuja queixada Sansão derrubou um exército de filisteus.
Calava as penas de todos os Cavalos da História, de todos os Cavalos de todo o Mundo. Do pelo queimado dos corcéis do carro de Hélio, aos tóxicos que reduzem drasticamente as populações de cavalos-marinho. E os esforços, os castigos, sofridos às mãos de lavradores injustos, carroceiros rudes, e donos de circo cruéis.

E se, no fim de tanto calar, a hora de ir embora coincidia com mais um brinde da Tuna, que diante do seu Silêncio ensaiava, Abelardo erguia-se e calava mais alto. O brinde era seu. Pedíamos Vinho, pedíamos Broa. E Abelardo Calado, logo brindava.
Era o Brinde das Sopas de Cavalo Cansado.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Os Nossos Outros Valores XXXIII

A Vinicultuna nao usa caldos Knorr.

A Vinicultuna gosta da gorda do presunto.

A Vinicultuna e um delirio colectivo.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Portfolio de Nomes para Tunos e caloiros de Tuna - I

Para usar nos futuros Tunos e caloiros de Tuna da Vinicultuna,
Para trocar com Tunas Amigas,
ou simplesmente para Coleccionar

Para caloiro de Tuna:
-Balancé
-Elefantino
-Pimpão

Para Tuno:
-Ogrão
-Malagueta
-Balsemão-Além-Mares

Os Nossos Outros Valores - XXXII (Especial Digressao)

Se a Vinicultuna fosse um barco, seria uma lancha poveira.

A Vinicultuna gosta de dormir ao relento, nas noites de Verao.

Sempre que pode, a Vinicultuna traz consigo um pote de banha. Para o que der e vier!

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Álgebro, Professor de Aritmética, Ponto da Vinicultuna de Biomédicas-Tinto

Enquanto Álgebro, o Professor de Aritmética foi o Ponto da Vinicultuna de Biomédicas-Tinto, não mais um Tuno trocou uma letra, não mais a segunda metade da segunda estrofe encaixou na primeira metade da primeira estrofe, não mais palavras foram soluçadas à pressa ou interrompidas a meio.
Álgebro, sentava-se invariavelmente num lugar lá para o meio, onde ninguém desse por ele, ligava uma lanterninha de espreitar gargantas, prenda de um dos Tunos que ia mais adiantado, e apontava para os próprios lábios, para os próprios dentes, e cantava a letra no código que ele inventara, e só a Tuna entendia. E, guiada pelos lábios de Álgebro, a Tuna cantava certinha, certinha, certinha, pauta acima, pauta abaixo, mesmo quem tinha faltado aos ensaios, e quem não aparecia há muito tempo, embora levasse bocas na mesma.
Álgebro não sabia as letras. Sabia o código. Álgebro não cantava. Excepto quando não havia mesas livres lá para o meio, e Álgebro se tinha de sentar nos lugares junto à parede, lado a lado com o reflexo dos espelhos. Então, Álgebro lia os lábios do Reflexo do Reflexo da sua própria imagem, a soletrar o Código, e então conseguia cantar. Menos no dia em que, em lugar de olhar para os Lábios do Reflexo do Reflexo, olhou directamente os Lábios do Reflexo da própria imagem, e cantou tudo invertido. O pior é que uma velhinha ouviu, e julgou que era coisa do Diabo-VadeRetrum.
E se calhar era, porque era um código difícil, com números, contas de multiplicar e dividir por mais de dois algarismo, e com tantos Pis, Rós, Xis e Quis Quadrados, que houve quem garantisse que Álgebro era da Faculdade de Letras. Pois apesar do grau de dificuldade a verdade é que, Álgebro nunca precisou de dar explicações aos Tunos para que estes aprendessem o Código. E nem sempre as contas eram fáceis. Umas vezes apareciam muitas cervejas a mais, noutras sobravam Restos esquisitos. Mas como a Tuna cantava bem, as cervejas iam por conta da casa, e os Restos Esquisitos, dava o Tuno Grande Morsa a comer aos caloiros – isto se não lhe soubessem.
Houve a noite em que Álgebro cifrou o repertório da Tuna num problema de torneiras e tanques, e de facto, quando a actuação acabou, a sala que começara vazia, estava a transbordar, e Álgebro disse que o segredo era um enunciado com Vinho.
E Álgebro, o Professor de Aritmética, conheceu o máximo expoente enquanto Ponto da Vinicultuna de Biomédicas-Tinto, na noite em que, sem combinar, Álgebro começou a silabar por algarismos, incógnitas e potências, a cifra do Próprio Fado Cantado, e a Vinicultuna cantou à primeira, sem nunca ter ensaiado ou sequer mirado pauta, a História do Amor Desgraçado de Álgebro, Abandonado pela Mulher da Sua Vida – e toda a gente no Piolho aplaudiu – embora algumas pessoas tenham ficado com a certeza de que a senhora tinha morrido.
Mas do que Álgebro mais gostou foi da noite em que sem combinar, o Magister Piça Quadrada apresentou “O Primo Álgebro”, e Álgebro cantou o “Fado do Trinta e Um”.

sábado, 11 de agosto de 2007

Jogos de Sorte :: parte I

Após árduo regresso de Aveiro, cujas marcas se manifestaram por, pelo menos, uma semana nos meus glúteos doridos e cara de tons ciganóides, eis que chegamos à Póvoa de Varzim.
Após termos gasto em duas rajadas quase tudo o que tínhamos, à excepção de "uns pretos", como diz o tuno Inca, decidimos seguir caminho para despistar um amigo do ToZé que nos tinha aparecido e jurava que estava connosco. Foi preciso pedir-lhe que nos deixasse duas vezes, até este se encaminhar para o mar.
Quando demos por ela, tinhamos passado por um letreiro duma casa gigante que dizia
"Casino da Póvoa"... com um cartaz duma perna duma moça, tanto quanto me lembro, e que dizia que era possível jogar com 1 cêntimo. Ora, cêntimos era o que não faltava!
Então, rapidamente descobrimos que os finos eram a 80 cêntimos, com vista para os chineses a apostar aos 3000 contos por ficha na roleta! E os cafés 30 cêntimos. Para que é que gastámos tanto em frango!
Logo nos dirigimos para a entrada... onde somos muito bem recebidos por um senhor engravatado que nos diz que aquela situação era inédita! Os instrumentos tinhamos que deixar a porta! e as capas talvez... ia falar com o superior.
Perante esta hipótese sombria, impossível de aceitar, decidimos esperar.
Vem o tuno Fodunt:
"-Diz-lhes que se fossemos Árabes também não íamos tirar as burkas!"
Vem outro senhor engravatado, este com ar mais bem disposto, dizer-nos o mesmo...
Digo eu: "- Se fossemos Árabes também não íamos tirar as burkas!"
E diz ele... "- Pois... Deixe-me falar com o meu chefe."
Afasta-se uns metros e diz, com ar de riso... "-Sr. Engenheiro..... estão aqui uns... " o resto foi imperceptível mas após tentar medir as nossas intenções, indicou-nos prontamente o caminho do bar, mas não sem antes nos tentar dissuadir a tirar as capas. Se soubesse que dois caloiros tinham inclinações sadomaso e estavam a usar gravata e colete sem camisa... tería-nos indicado a sala vermelha para um show às loiras de 50 anos. Mas como discrição é uma característica nossa, nada foi descoberto, e fomos às loiras fresquinhas, a sair na hora.

E assim começou que poderia ter sido horas a beber cerveja, se não tivéssemos estourado 14 euros em cervejas de lata e 5 euros em águas frescas pela grade de um café fechado!

---Fim da parte I

Nota: Durante a realização deste filme nenhum caloiro foi ferido, e a identidade dos dois caloiros supra-referidos será protegida, sendo que um deles é menor. Mas já sabem traçar a capa!

domingo, 5 de agosto de 2007

Do Fim da Noite XIII

Luz da manha suspensa
sobre dois enamorados
Quarto sem cortinados

Do Fim da Noite XII

A bordo do autocarro:
"E que tal se nao saisemos na nossa paragem. Pode ser que a proxima nos leve para mais perto do nosso destino.
Seja ele qual for..."

Os Nossos Outros Valores - XXXI

"A Vinicultuna conhece a Velha do Arco. E nem a acha nada de especial."

Da Demanda de Sezaltina

Sezaltina nunca chegará a encontrar a Vinicultuna.
Mas procurá-la-á incessantemente por todo o lado.
E um dia, anos mais tarde, muitos muitos anos mais tarde, por alturas da, benzamo-nos, cruzes credo, arre-arreda-mafarrico, longe vá o agoiro, Sua Morte, não olhará para esse insucesso com amargura, como sonho interrompido ou desígnio poor cumprir antes como a sua condecoração enquanto Cavaleira do Graal.
Sezaltina nunca chegará a encontrar a Vinicultuna.

Na sua busca infindável, contará mil motivos para voltar à estrada, contará mil histórias a filhos, sobrinhos, netos, sobrinhos-netos, a um bisnetinho que então, nessa hora maldita-longe-vá-a-desdita, terá, e a muitos muitos mais ainda, médicos burros - “Isso cá para mim é cansaço”, “Está com um esgotamento”, “Deve ser princípios de Alzheimer”, “Hmm, hmm, está a fazer uma Trombose”, “Isso que me está a contar é muito estranho”.
Porque de cada vez que se escapuliu da vigilância da filha crédula e do médico burro, para rumar ao Porto guiada por sonhos, sinais, cartas, cartazes, por ideias, por lamentos, e uma vez por um motorista da carreira que já estava tocadito, Sezaltina viveu deslumbrantes peripécias. Aventuras. Loucuras.

Seguiu um cão-esperto, que a viera esperar à Central, e riu-se com as finezas do bicho a entrar nos talhos, a andar em duas patas, a prender os ladrões; a pular para as caixas das camionetas, a molhar-se nas fontes, e a roçar-se nas moças, e dormiu na sua casota;
Da vez seguinte à do Cão-Esperto, deitou-se a adivinhar como um detective, e desmascarou uma senhora que deitava remédio no chá dos velhinhos para lhes ficar com o cheque das pensões;
Foi entrevistada-de-rua para um programa de televisão – e ela até nem via o programa!;
Uma noite em que por três vezes lhe disseram que a Vinicultuna estava lá, só que quando ela chegava, a Tuna já tinha partido para ali, e ao chegar ali, tinha ido para acolá, e acolá, tinham voltado para cá, porque afinal a gente é de onde pertence, e por isso, Sezaltina voltou para a Terrinha;
Num dia de ventania, ao defender-se do vento com um guarda-chuva que lhe tapava as vistas, embarrou sem querer com um polícia, e sem querer vazou-lhe um olhinho;
Noutra noite ouviu o eco da “Feiticeira” filtrado pelas folhagens das árvores do Jardim da Cordoaria, só que quando lá chegou era só uma lagartixa, mas cantava parecido;
Perdeu o medalhão com a fotografia d'O Falecido para na mesma noite o encontrar noutro sítio, com a improvável ajuda de um cidadão Tailandês (dão de facto muito jeito – precisamos mesmo de arranjar um);
E a vez que esteve mais perto da Vinicultuna, foi quando encontrou um Professor de Matemática, mas com aspecto desarranjado, sentado na borda do passeio, com os pés na valeta, num dia a seguir a muita chuva com os bueiros entupidos, a chorar a despedida, só que Sezaltina não percebeu de quem se tratava, e deu-lhe um rebuçado de mel, para não se constipar;

Mas Sezaltina nunca chegará a encontrar a Vinicultuna.