domingo, 18 de setembro de 2005

Mitologia da Tinto III - Minetauro




"Ao acordar achou-se só, e agrilhoado.
O seu pensamento voltou-se para os outros. Julgou-os mortos ou também condenados ao degredo eterno. Então seria o fim? Não teria escapado mesmo ninguém?
Lamentou-se. Chorou.
E só depois se voltou para si. Condenado à masmorra, aos ratos, à humidade.
Nunca mais as tardes de sol à sombra, com amigos, música, donzelas e vinho. Nunca mais o sabor salgado da escorricha das moças, se juntaria ao adocicado amargo do Tinto na sua língua tão-sensível-tão-musculada. Nunca mais a roda dos companheiros, cantando em círculo o novo sucesso do que haviam baptizado de Minetaurus - Mineteiro Pai - Taurus da Mãe.
E então, naquele esforço que sempre tenta encetar o pensamento que sucede ao pranto, os olhos arregalados ainda não completamente enxutos das imagens invocadas, começou a formar-se a solução...
"he...he...he...he..." Mineteiro esforçou-se por se concentrar "he...he...he...he..." Mineteiro já quase de olhos enxutos fez mais um esforço "Ploch!" caiu um cagalhão, e Mineteiro disse "Caralho! É isso!"
E então curvando-se sobre si mesmo, fez aproximar todas as suas extremidades, à custa das costelas partidas, de imagens de curvas perdidas. E aplicando a sua arte a si mesmo, promoveu o congresso do seu leite-de-bovino-guerreiro, com os óvulos arredondados que as moças aveludadas haviam depositado com um suspiro nos cantos e covinhas da sua língua, aquando da sua visita.
E durante as semanas seguintes do seu cativeiro, mesmo quando subjugado à dor, à tortura, e a uma crise de espilros, Minetauro não abriu a boca. Não porque tivesse segredos a proteger. Mas porque o quentinho do seu silêncio, incubou durante semanas a Progérie da Vinicultuna"...

...do "Livro da Prisão"

2 comentários:

Anónimo disse...

fantastico

Anónimo disse...

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