... aprendi convosco.
Ensinastes-me que continuáveis por cá,
Assim, difícil, quase impossível, "ensinastes-me", "continuáveis", segunda pessoa do plural no pretérito indefinido, segunda pessoa do plural no pretérito imperfeito indefinido.
que não me podíeis,
Assim, com acento, "podíeis", segunda pessoa do plural, no pretérito imperfeito indefinido,
fugir.
Que vos podia roubar.
Assim, "podia" e "roubar", mais simples.
Ao Avô Custódio roubei o "Upa!"
"Upa!" quando me levanto, "Upa!" quando e sento e sinto as dobradiças sentirem-se.
"Upa!" como quando o Avô Custódio se levantava, "Upa!" como quando o Avô Custódio se sentava, e como quando o Avô Custódio devia sentir as dobradiças dele sentirem-se.
"Upa!" e sinto o Avô Custódio a sentir-se.
Ao Ti-Tónio fui buscar o "Bem-Haja!"
O "Bem-Haja!" a que ele achou graça e foi por isso que eu o fui buscar.
O "Bem-Haja!", que se usa muito no Alentejo, disse-o ele que andava por Coimbra, mas é verdade.
O "Bem-Haja!" que é transparente, singelo, e abre horizontes.
E é desconcertante quando a despedida azeda. Sem deixar de ser transparente, singelo, e de abrir horizontes. Mesmo quando a despedida azeda.
"Bem-Haja!", sabe-me como ao Ti-Tónio usá-lo. E por isso uso muito.
Ao Senhor do Vale fui buscar o aceno. Muito antes de agora adoptei-o.
O melhor dos acenos.
O braço estendido, a mão a flectir, não a acenar.
O melhor dos acenos não acena, flecte.
(flexão do punho, termo científico)
Flecte com a concavidade para dentro.
A concavidade da mão. Para dentro, voltada para si, Senhor do Vale.
Concavidade para dentro, convexidade para fora.
Convexidade da mão. Costas da mão, dorso da mão.
Um aceno muito bonito.
Adoptei-o, e há anos, já são anos que me despeço assim.
Já há quem o reconheça, quem ache piada do meu aceno.
Só que não é meu. O sorriso que acompanha o aceno ainda não é tão bonito. É o aceno do Senhor do Vale.