segunda-feira, 9 de setembro de 1996

"Nascida num inverno qualquer entre as chuvas de um 1996 e as chuvas de um 1997, a Vinicultuna de Biomédicas-Tinto apareceu nas ruas para se dedicar ao que então se chamava de la folie. Não passando, de início, de um grupo de amigos que se juntava de vez em quando para se beber uns copos e rir-se um pouco e com mais tempo do que se tinha entre aulas a que se ia e aulas a que se faltava. Transformar-se-ia mais tarde num grupo de gente inocente à procura de um ideal de vida difícil mas aparentemente fácil através de crimes óbvios de juntar dinheiro para gastar e arrancar sorrisos ao maior número de pessoas dentro do estabelecimento público icbas/piolho. Mais tarde ainda, viriam a correr boatos sobre estarem implicados crimes muito piores, como provocar a desordem e a indisciplina nos átrios e salas de aula e praticar relações sexuais com "velhas decadentes" até à sua exaustão, apesar de nunca se ter apurado a qual das partes é que se referia o pronome. Enfim, as chuvas foram passando, e as serenatas também, e o grupo recreativo teve a sua apresentação oficial no átrio sagrado do estabelecimento icbas. Abriram-se novas sessões e boatos sobre "rituais melódico-jucosos" marcados às quartas-feiras no antro- piolho, ruas e encruziladas várias e, rezam algumas línguas, nem muito boas nem muito más, acabando por terminar estas noites numa cama ilícita, num jardim de patos, ou em cima de uma duna vaga em construção. Algures... onde nem sempre nos conseguimos lembrar. Importante é que já lá vão alguns anos e a tuna continua a mesma. Sempre a mudar, como havíamos decidido, sempre com as mesmas novas pessoas e os mesmos objectivos de sempre em construção... Duas dúzias de dedos-de-conversa entre mil ramalhetes de rosas e vinho tinto (o branco e a cerveja também serão aceites), quatro acordes e meio de música erudita e a tentativa sempre presente de chegar a tempo de apanhar uma média não inferior a meia donzela por noite em alguma incauta varanda escura que se ilumine, e o resto são cantigas nossas."

...por Joel Cinderela