Em que Álgebro tende para Zero
Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum
Tudo começou por um Zum Zum.
E nem Álgebro, o Professor de Aritmética, Ponto da Vinicultuna de Biomédicas-Tinto, nem qualquer Tuno se aperceberam. E que não se diga que estavam borrachos. Que nesse estado poderiam escutar o ténue suspiro de uma donzela que não apagasse uma vela, que não embaciasse a vidraça, na água-furtada do último prédio da Rua de Cedofeita.
Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum.
Continuou. Não era uma donzela. Nem sequer uma mosca. Apenas um ruído incomodativo, embora crescente. Nada que valesse quebrar a Alegria de Álgebro, que transbordava lágrimas de Saudade da Mal-Agradecida.
Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum
Não havia passado de fim de tarde em casa vazia com mulher ausente.
"Claro que não", diria Abelardo, o Cavalo que Cala, sentindo necessidade de evidenciar a sua erudição - único motivo, além da Boa-Educação, por que quebraria o seu quase-voto de silêncio, "É óbvio que se refere como "a que partiu", "a que o deixou", para não nos violentar com "a que morreu". Mas lessem vocês a expressão de Álgebro quando alegre chora a desgraça, como quando cantando seguis os movimentos dos seus lábios, e conseguis ler sem vacilar as letras codificadas, e saberiam como eu", um pouco presunçoso, este Abelardo, mas nunca tínhamos dito o contrário, e continuamos a ser amigos na mesma, "que a Dor de Álgebro se deve mais a...", e amigo Abelardo, a presunção é uma coisa feia, ou quem te manda falar, Cavalo Calado?, com esse ar afectado, quando pretendendo comparar a dor do Professor de Aritmético, apenas te ocorre a Dor de Corno, para opor à Dor da Alma mas nem essa serve, pois aí também dói aos desenganados, e então tentas a Dor da Morte, mas já disseste "a que morreu", e depois engasgas... e deixas a prosa a meio.
E logo um indiscreto, na mesa ao lado - "deve ter sido cancro. tão nova..."
Mas...
Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum Zum
... também não haveria falecida.
Que alheio a tudo, Álgebro, Feliz, continuava a chorar.
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