Um Lamento (mas não só)
Algures entre o quadragésimo e o quinquagésimo capítulo, dão o Cavaleiro da Triste Figura e o fiel Sancho a uma estalagem em lugar impreciso na Mancha. Dão a ela também o Cura, o Barbeiro, e muitos outros que não teriam por que por ali andar, mas muito arranjarão sobre que se escreva.
Coincidências. Pródigas na Literatura, não menos na Vida.
Não foi na Mancha, foi mais ao lado.
Évora. Este que aqui escreve, um outro de cognome Fodido, como que fazendo de cabreiro, almocrave, ou de mulher de estalajadeiro. E, já no epílogo, reencontra-se um nome da última crónica. Desta feita o irmão. Em tempos protagonista de uma entrevista num glorioso número da revista "i", das Biomédicas.
Celebre-se então o Lamento, na sala de João Cutileiro. Um lugar notável. Forrado a mulheres de mármore. O escultor senta-se, com a janela nas costas. Em contraluz, visto do outro lado.
"Quer tomar alguma coisa? Café?"
Esqueci as palavras de cerimónia.
"Um copo de vinho?"
"Tomei há bocado o pequeno-almoço"
"É quando sabe melhor", ri-se. E serve-se.
Até perto da hora do almoço existirão silêncios embaraçosos. Saboreados com muito prazer.
...mas com um copo de água.
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