quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Sobre o Apetite - Pecado ou Virtude? - Ensaio Fotográfico




Entre a Virtude da Fome, e o Pecado da Gula, ...



...ou o suavesforçado percurso do caloiro da Vinicultuna

"Oveso" será, o Tuno Aqua Bentis




domingo, 27 de janeiro de 2008

Do Fim da Noite

O contorno do monte destaca-se da madrugada.
Aqui ainda está escuro.
Morre Alonso Quijano,
o Bom, o Assizado.
Que não Dom Quixote.
Esse viva!
E já há muito tem o sol pelos olhos, do outro lado da Penha.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Grandes Frases de Grandes Digressões

"O nosso Magister é "Oveso""

Tuno Aqua Bentis no final da digressão a Braga

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Do Pecado da Gula

O Magister Piça Quadrada engordou 30 quilos em 2 meses.

À Mesa, como Na Vida - da Justiça e Equilíbrio da Colher do Tuno Honorário Mineteiro, quando ainda não o era, na hora de servir os Futuros Contunos...

...à mesa na República "Ó-Ay-Ó-Linda!"

Duas Colheres de Arroz para o Tuno Grande Morsa, que ainda não o era, porque é muito grande e forte.
Uma Colher-e-Meia de Arroz para o Tuno Chiclete que já o era, que não é tão grande como o Tuno Grande Morsa que ainda não o era. Corrijo, Uma Colher de Arroz para o Tuno Chiclete, porque de facto é bastante mais pequeno que o Tuno Grande Morsa que ainda não o era, e porque ainda falta muita gente servir-se, o arroz não é assim tanto, somos visitas, e não podem pensar que somos uns alarves.
Duas Colheres de Arroz para mim, que não era nem sou tão grande como o Tuno Grande Morsa que ainda não o era, e até era e sou mais pequeno que o Tuno Chiclete que já o era, mas depois de ver o produto de Uma Colher de Arroz no prato do Tuno Chiclete que já o era, concluo que é capaz de ser pouco, e agora já não falta tanta gente servir-se.

Das Virtudes dos Pique-Niques

"Riu-se o lacaio, tirou a cabaça, sacou dos alforges as fatias de queijo, e um pão pequeno, e ele e Sancho sentaram-se na verde relva, e em boa paz e companhia deram cabo de tudo o que vinha nos alforges com tanta gana, que até lamberam o maço das cartas, só porque cheirava a queijo."

de "O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha", de Miguel de Cervantes

Da Virtude da Fome...

O Tuno Chiclete rapou o tacho depois do jantar, na Real República Ó-Ay-Ó-Linda.

sábado, 19 de janeiro de 2008

L’enfance de Pantagruel



Gustave Doré ( 1832 –1883), Musée d'Art Moderne et Contemporain, Strasbourg

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Grandes Frases Gúlicas - LXXX

" Mas soube-me a pouco, mas soube-me a pouco mas soube-me a pouco, mas soube-me a pouco..."

Sérgio Godinho, (mesmo antes de lhe saber a tanto)

E que bem que nos soube...

... à sombra e ao sol sob o abrigo do lago, ao almoço as vitualhas do Mercado Municipal D.Pedro V, regadinhas com o tintol, que tanto nos custou a ganhar!
E às tantas chegou o Nosso Velho, o Tuno-Fundador Cinderella, outra-vez-Vivo, a descer a Avenida, e ainda havia para ele.
E como sobremesa as laranjas das laranjeiras do Jardim da Manga, que aquele que seria o Tuno Grande Morsa, mas já era grande como os galhos grandes da árvore colheu.
Soube-nos tão bem que ficámos até ser tarde.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Gulodice

"Quando eu tinha doze anos, descíamos
Todos em bando até Pointe-à-Pitre
COlhíamos sapotas e anacardos
À beira da estrada amarela
E as aves brincavam ao gato-no-poleiro
Guinchando velhas árias crioulas
A vida era em forma de drageia
Não havia nada que não fosse muito doce
E, apesar de tudo, cheio de substÂncia...

A minha ama pegava-me ao colo
Aos doze eu já era do seu tamanho
Mas ainda gostava de ter na boca
A ponta redonda e negra dos seus belos seios pesados
Estendíamo-nos atrás dos caniços
REstolhava o vento por entre as longas folhas
Agudas e polvilhadas de seda rude
A minha ama estava sempre nua
E eu, sempre despido
Assim, estendíamo-nos bem
Ela tinha um odor selvagem
E dentes brancos por toda a cara
A terra cheirava a orbenipelara
E as flores do Cogo ardente
Cobriam-nos de pólen alaranjado.

Durante três estações, tive doze anos
Porque amava tanto a minha ama
Que a não podia deixar
A minha pele tingia-se de reflexos trigueiros
Queimada ao sol da pele dela
Eu tocava-a com todas as minhas mãos à mistura
As mãos dos meus olhos, as do meu corpo
E os nossos membros fumegavam no ar estriado de negro.

Não sei como dois fósforos
Se podem confundir, mas sei
Que estávamos bem direitos um contra o outro
Como dois fósforos; e ao cabo de um instante
Um gato seria incapaz de encontrar as suas crias.

Alíás,
Mais sabia ele que as suas crias não estavam lá."

de "Cantilenas em Geleia", de Boris Vian
(Tradução de Margarida Vale de Gato)

Das Bodas de Camacho


“A primeira coisa que Sancho viu foi uma vitela inteira, metida num espeto que era um tronco de árvore, e no fogo onde se havia de assar ardia um monte de lenha, e seis olhas que estavam à volta da fogueira não se tinham feito nas panelas comuns das outras olhas, mas em seis tinas, que em cada uma cabia uma imensidade de carne; por isso, também dentro delas havia carneiros inteiros, que nem se viam, exactamente como se fossem uns borrachos; as lebres esfoladas, e as galinhas depenadas que estavam suspensas das árvores, para irem para o caldo, não tinham conta; as aves e caça de vário género eram infinitas, penduradas também das árvores, para esfriar,. Cortou Sancho mais de sessenta odres, de mais de duas arrobas cada um, todos cheios, como depois se viu, de Vinbhos generosos; havia rimas de pão alvíssimo, como costuma haver montes de trigo nas eiras; os queijos, postos como ladrilhos empilhados, formavam uma muralha, e duas caldeiras de azeite, maiores que as de uma tinturaria, serviam para frigir coisas de massa, que com duas valentes pás se tiravam para fora e iam para dentro de outra caldeira de mel preparado, que ficava próxima. Os cozinheiros e cozinheiras passavam de cinquenta, todos asseados, diligentes e satisfeitos. No dilatado ventre da vitela estavam doze pequenos leitões, que, cozidos por cima, serviam para lhe dar sabor e fazê-la tenra; as várias especiarias parecia que se não tinham comprado aos arráteis, mas às arrobas, e estavam francas numa grande arca.
Finalmente, o aparato da boda era rústico, mas tão abundante, que podia sustentar um exército.
Para tudo Sancho Pança olhava, e a tudo se afeiçoava.”
De “O Engenhoso Fidalgo Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Do Vinho e da Empatia entre os Utentes e os Funcionários do Sistema Nacional de Saúde

- E as fezes?, como é que são ?
- As fezes são normais, são sempre pretas.
- São pretas? Pretas como?
- São pretas mas é do Vinho... Quando bebo menos um bocado já vêm amarelas.

Grandes Frases - LXXIX

"Se a ASAE aí vier, fecha isto pela cozinha..."

"O Mais Velho", sobre a permissão de fumar...

sábado, 5 de janeiro de 2008

Bom-Apetite


"Król Pije", Jacob Jordaens, Musées Royaux des Beaux-Arts, Bruxelas


"Fest des Bohnenkönigs", Jacob Jordaens, Kunsthistorisches Museum, Viena

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Ideia - "O Tirano"

Totalmente inspirada na primeira "Grande Frase" de 2008 - Bem Hajas, Tuno Fodido - Ideia para nova rubrica novelesca neste espaço.
Relato da metamorfose comportamental de um simples e por vezes simpático antigo empregado de um quiosque/tabacaria familiar de um popular café portuense, após a subida ao poder e o assento na cadeira da Presidência da Junta de Freguesia da Vitória.
´
"Lá tá ele a queimar o nosso dinheiro pelo ar."

Boas Entradas

Croquetes
Rissóis
Bolinhos de Bacalhau
Empadas de Galinha
Azeitonas
Melão com Presunto
Tostinhas com Caviar
Moelas
Mexilhões no Vapor
Rolinhos de Queijo e Linguiça
Polvo em Molho Verde
Salmão Fumado
Camarão da Costa
Ossos de Passarinhos Fritos para Chichar
Ovas de Truta Panadas
Punheta de Bacalhau
Broa de Milho e Cebola Crua demolhadas em Vinho Verde Tinto

Janeiro de 2008, o Mês da Gula Vinicultúnica

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Maskarada - Taraf de Haidouks



Auto-intitulam-se bandidos, e são os melhores músicos da Europa.
Os seus passaportes ostentam os carimbos das alfândegas de todo o mundo , mas continuam a habitar os casebres sobrelotados da sua aldeia natal. Porque ano após ano, no final de cada digressão aos EUA, à Europa, à Austrália ou ao Japão, o seu empresário os engana e foge com todo o dinheiro, deixando-os entregues à triste sina cigana.
Numa manhã de Junho de 2005, cheguei a Clejani, alguns quilómetros a sul de Bucareste.
Fui bem recebido.
Numa canção à desgarrada, o Homem Rico perguntava ao Homem Pobre porque é que, sendo pobre, era feliz. O Homem Pobre respondia que era feliz, porque era pobre e porque bebia Vinho.
E bebemos toda a manhã, e não lamentámos o dinheiro que o empresário roubara na última digressão.

Maskarada é o seu último trabalho. Uma reinterpretação tradicional de temas clássicos de inspiração tradicional...
Foi a ouvi-lo que entrámos em 2008.

Feliz Ano Novo

Depois do Tottenham, o Bayern - Petiscos

Na Adega Papagaio, a caminho da Pedreira

-Tem Petiscos?
-Tem Petiscos?, completei
O Patrão de Voz de Cancro da Laringe, do lado de lá do balcão -Petiscos?
-Queremos jantar.
- Tem petiscos?, ajudei
O Patrão de Voz de Cancro da Laringe - do lado de lá do balcão, para o lado de lá da parede -Temos petiscos?
E do lado de lá da parede - É para jantar?
O Patrão de Voz de Cancro da Laringe - Parece que temos umas febras descongeladas. E podemos fritar umas batatas.
- Estão a sair?
- Quanto tempo demora?, sublinhei
A Patroa, Mais Desarranjada do que Gorda, Mais Gorda do que Velha, Mais Velha do que Loura, e com uma Boca Grande - Os senhores quanto tempo têm?
- Vamos ao Futebol...
- Vamos à bola!, acrescentei
Aquele de três bêbados iguais, todos de olhos amarelos sem vida além dos raios de sangue, e copo de bagaço semi-erguido, que estava mais próximo do balcão - São alemães, são alemães - e continuou em voz de fundo - são alemães, são alemães - enquanto, alheios tentávamos estabelecer o negócio - jantamos ou não jantamos - são alemães, são alemães
O Patrão de Voz de Cancro da Laringe - ??? Estes senhores não são alemães... São Portugueses, não são?
- Sou de Braga!!!
- Viemos ver a Bola!, esclareci
Aquele de três bêbados iguais, todos de olhos amarelos sem vida além dos raios de sangue, e copo de bagaço semi-erguido, que estava mais próximo do balcão - Ah!(só que sem ponto de exclamação) Trabalham na Alemanha, trabalham na Alemanha

"Da Infância de Pantagruel" - ou "Abertura do Mês de Janeiro-Mês da Mortal Gula Vinicultúnica"

"(...)Direi apenas que, a cada refeição, bebia o leite quatro mil e seiscentas vacas e que foi preciso chamar todos os oleiros de Saumur, de Anjou, de Normandia, de Bramont e de Lorena para lhe fabricarem a sertã para as papas. Serviam-no numa gamela - que se encontra actualmente à desbanda do palácio de Bourges - mas o raio do cachopo tinha já uns dentes tão aguçados que, certa feita, lhe arrancou um pedaço do rebordo. Uma manhã em que queriam que mamasse numa vaca (segundo a História não conheceu outras amas), desatou os atilhos que o prendiam ao berço, e, deitando os galfarros ao animal, trincou-lhe as tetas emetade dapança, mais os fígados e os rins. E tê-lo-ia devorado inteiramente se o nutritivo animal não tivesse mugido de horror, como se uma alcateia esfomeada o estracinhasse. Acorreu a gente do palácio e, à uma, esbofando-se, intrometeu-se, puxando pela vaca, repuxando por ele. E quanto mais se afanavam, mais o marmanjo fincava õs dentes. Devo acrescentar que lhe ficaram na boca as patas do animal. Recuaram os outros, estupefactos, mas já ele, enquanto o diabo esfrega um olho, deglutia o pitéu, com teríamos feito com uma linguiça. Quiseram então tirar-lhe os ossos, não fosse engasgar-se o lambão. Penas baldadas: tragou-os com mais voracidade do que um alcatraz a um peixe. Ainda não aprendera a falar, mas, para grande espando dos circunstantes, destampou a dizer: «Bom, bom, bom» querendo significar com isso que comeria mais se lho dessem.(...)"

de Pantagruel , de François Rabelais

Grandes Frases LXXVIII

"Lá tá ele a queimar o nosso dinheiro pelo ar"

Popular (Madeirense indignado com o ratio custo/benefício do espectáculo pirotécnico de fim-de-ano na Ilha)...