Do Fim
Em cavalos de ferro derrotei a minha vida,
Colhi uvas maduras nas vinhas da glória.
A viagem que termina sabe-me a descida,
Voo em arco, sobre os campos da vitória.
A vontade, quebrei-a, está vencida,
Em soluços de cores arremeto pelo ar,
Na debandada geral foge espavorida
A triste confiança, gasta, de me sonhar.
A língua em que grito foi esquecida
Os dentes caem-me da boca, a sangrar,
E no vento germinam como casas.
As correntes que me prendem são asas,
Feitas de aço de angústia, de papel e mar,
E ardem-me os olhos, à força de os fechar.
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