Mitologia da Tinto - IV - O Inca
1438-1532 O Imperio Inca atinge o seu auge.
1532-33 Pizarro e 160 espanhóis capturam e posteriormente executam o Inca Atahualpa, pondo um fim ao Império Inca
1536 Manco Inca (Manco, portanto Coxo, mas näo Perneta), tenta retomar o controlo dos Altos Andes, mas depois de estar quase, quase, quase, quase, quase a conseguir, tem de retirar para selva.
1544 Manco Inca é assasinado. E os Incas, bem... os incas... Fala-se de novas cidades perdidas, onde os Andes se cobrem pela selva...
E os incas, bem, os incas... Os seus sucessores perdem-se, vitimados pelas doenças europeias, pela dor, pela tristeza, pela assimilaçäo da cultura do conquistador.
Mas havia uma Inca que era mais esperta do que as outras. Sentadinha no seu canto, sem abrir a boca, como se pretendia da sua condiçäo feminina, mas fazendo-o täo bem, täo bem, que conseguia passar desepcebida a ponto de evitar as canseiras da lida de casa, permanecia de olhos e ouvidos abertos, com uma atençäo filha-da-puta, acumulando uma sabedoria invejável.
Quando soou o toque de retirada, temendo as agruras das montanhas, e os mosquitos da floresta tropical, além da perseguiçäo do inimigo ganancioso, pensou:
"Nááááá, eu vou é esconder-me aonde eles nunca me häo de ir procurar. Nas suas próprias pipas de vinho". E vai daì, pchhhhhhhhhhhhhhh!
Passou despercebida aos olhos do conquistador, näo passou aos olhos apurados de um passaräo que se distinguia dos demais pois via a dobrar, e de lá de cima, "oh!", topava a tudo, e decidiu, "é aquela que eu quero."
E, mergulhando entre os cavaleiros espanhois, confundindo-os com o seu voo ziguezagueante, único nos da sua espécie, fez ouvir um segundo pchhhhhhh! antes do fechar da tampa de carvalho da barrica escolhida, mesmo antes desta começar a ser rolada para o poräo de um navio.
E assim se viu o a Inca Madraça na companhia do Condor que tinha a Cabeça mais vermelha dos Andes, no esconderijo eleito por ambos. E já que ali estavam e havia um oceano para atravessar...
Foi o bom e o bonito. Foi mais a torto que a direito. Foi de todas as formas e feitios.
Näo foram encontrados, porque, apesar de ter sido dado "vazao" ao conteúdo da barrica, é sabido que nao se pode encontrar o que nao se procura.
Näo padeceram de fome porque é sabido que o vinho alimenta.
Näo sofreram do escorbuto porque é sabido que o vinho tem muita vitamina, e conserva a dentadura.
Näo abafaram, porque o Condor se ia peidando debaixo do vinho, e iam respirando as bolhinhas à vez.
Näo entupiram nem rebentaram porque como o vinho era de qualidade, só faziam vinhi e vónhó.
Näo se afogaram porque como a barrica fora escolhida a dedo, e quando o barco naufragou, no cemitério de galeöes a que os antigos capitäes de mar puseram o nome de "ali entre o "ao largo de Leixöes" que tem uns escolhos afiados como lâminas, e a "barra do Douro" ora puxa para dentro ora para fora, quando os soldados espanhóis nas suas armaduras douradas pesadas, e os marinheiros espanhóis nas suas camisolas de lä ensopadas e barretes de lä ás riscas ensopados se afogaram todos, a barrica emergiu, flutuou, cerceou os escolhos, e mareou a barra, e navegou o Bravo Douro pela primeira vez.
Entäo, com o bom filho queà casa torna, como o sangue que puxa o sangue,como o gato que dá sempre com a casa, como aquele cäo esperto dos filmes, e tipo pombo-correio ou boomerang, a Barrica de Bom Vinho finalmente encostou às terras altas de onde lhe parecia que proviera.
A Inca e o Condor näo sairam de mäos dadas, nem palavras ternas se lhes ouvira. Porque ele carregava mudas de fraldas, uma cadeira de segurança, babetes e carapins e resmungava "podias ajudar era a carregar esta tralha que ele já sabe dar uso às asas, e voar para o garrafäo", no que ela, com o memino ao peito respondia "Mas o vinhinho das maminhas da mamä é que faz bem à saudinha. Que riquinho."
E ao povo que fundaram chamaram Ar-Mamar.
2 comentários:
Só falta a ilustração :)
Ohh juve, tu ke fizeste aquela fantastica do gile, n es homem pra fazer uma aki do inca ? :))
Abraço a todos!
vou tentar.
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