segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Vinho e Amigo, o Mais Antigo

Veio a anterior descoberta a propósito desta que aqui se sugere.



O livro, reúne textos sobre o vinho, a amizade e o acto social de beber. Vem acompanhado por um disco que inclui uma antologia de cantigas provenientes da tradição popular relacionadas com o tema.

A coordenação é de João Pimentel Carreiro, e conta com a colaboração de José Fanha, João Paulo Martins, Paulo Sucena, Bartolomeu Dutra, Frei Bento Domingues, Francisco Luís Parreira.


www.fabula-urbis.pt/Vinho_e_amigo.html

Canto Primeiro

Borrachas, borrachões assignalados,
Que de Alcochete junto a Villa Franca,
Por mares nunca d’antes navegados
Passaram ainda alem de Peramanca:
Em pagodes, e ceias esforçados,
Mais do que se permitte a gente branca,
Em Evora cidade se alojaram,
Onde pipas e quartos despejaram:

Tambem as bebedices mui famosas
Daquelles que andaram esgotando
O imperio de Baccho, e as saborosas
Agoas do bom Louredo devastando;
E os que por bebedices valerosas
Se vão das leis do reino libertando;
Cantando espalharei por toda a parte,
Se a tanto me ajudar Baccho, e não Marte.


paródia ao primeiro canto de Os Lusíadas, escrita em 1589, por quatro estudantes de teologia da Universidade de Évora